Os livros nunca te evitam.
Pode parecer óbvio,
mas é preciso dizer.
Os livros
nunca
te evitam.
As pessoas podem lhe evitar;
até a escrita pode te deixar
por um momento
seu cão mijou pela casa toda
e
não há cerveja.
neste momento
seus amigos todos estão a cuidar das gordas aposentadorias
prometidas
seu sono se foi
ou
não quer vir.
o que não deixa de ser uma grande besteira,
mas ainda é preciso dizer,
os livros não te evitam;
pequena notação:
é preciso dizer que não é pela cultura, nem pela Razão; tão pouco pelo conhecimento ou respeito aos grandes. Você abre os seus livros e eu os meus. Faça sua lista. Os livros são as companhias que permanecem por mais tempo.
Há pessoas que irão te trocar por desenhos animados ou debates sobre idiotices no bate-papo, largue-os por livros. Não é um gesto de arrogância ou coiso do tipo, trata-se apenas de prudência. A longa espera pelo outro que nunca vem e o sentimento do desdém só lhe causarão ansiedade e depressão.
É preciso notar a tristeza e o desânimo generalizado entre a juventude, sobretudo entre a "elite intelectual" da classe média. Mesmo estando tristes e insatisfeitos com suas vidas e com os rumos para o qual elas apontam, estes jovens agem como se acreditassem que a espera pudesse resolver e endireitar suas miseráveis vidas. Esperam também que alguém "especial" irá aparecer para mudar tudo; e enquanto esperam, desdenham de tudo o mais que os cerca.
E essa é a miséria da juventude, que não crê em si e nem nos seus, mas que deposita as potencialidades que carrega em um grande outro que nunca virá. E assim permanece toda uma geração melancólica a esperar por seu próprio duplo sem o saber; desprezando todos os outros por não o serem cópias perfeitas dela mesma. Buscando apenas encontrar-se a si mesma nos outros.
A juventude pequeno burguesa sofre inconscientemente de narcisismo.
É preciso partir para novas visões; já cansado da visão que se encontra e reencontra por toda parte.
Duas pessoas são capazes de, ao se cruzarem na rua, ter pensamentos igualmente negativos uma em relação à outra; isto é, de como a vida do outro que o acaso nos colocou na frente é estúpida e vazia, e de como ele não nos entenderia a dor e o tédio, pois ele é como os outro. Essa é a massa dos únicos.
Quando nos encontramos com gente nova, temos em média 5 minutos para impressionar a pessoa e a convencer de que somos alguém que ela estava procurando – o que guarda relativas semelhanças com a entrevista de emprego.
(...)
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