quinta-feira, dezembro 27, 2012

Os livros nunca te evitam.

Pode parecer óbvio,
mas é preciso dizer.

Os livros
nunca
te evitam.


As pessoas podem lhe evitar;
até a escrita pode te deixar
por um momento

seu cão mijou pela casa toda
e
não há cerveja.

neste momento
seus amigos todos estão a cuidar das gordas aposentadorias
prometidas

seu sono se foi
ou
não quer vir.

o que não deixa de ser uma grande besteira,
mas ainda é preciso dizer,
os livros não te evitam;


pequena notação:

é preciso dizer que não é pela cultura, nem pela Razão; tão pouco pelo conhecimento ou respeito aos grandes. Você abre os seus livros e eu os meus. Faça sua lista. Os livros são as companhias que permanecem por mais tempo.

Há pessoas que irão te trocar por desenhos animados ou debates sobre idiotices no bate-papo, largue-os por livros. Não é um gesto de arrogância ou coiso do tipo, trata-se apenas de prudência. A longa espera pelo outro que nunca vem e o sentimento do desdém só lhe causarão ansiedade e depressão.

É preciso notar a tristeza e o desânimo generalizado entre a juventude, sobretudo entre a "elite intelectual" da classe média. Mesmo estando tristes e insatisfeitos com suas vidas e com os rumos para o qual elas apontam, estes jovens agem como se acreditassem que a espera pudesse resolver e endireitar suas miseráveis vidas. Esperam também que alguém "especial" irá aparecer para mudar tudo; e enquanto esperam, desdenham de tudo o mais que os cerca.
 E essa é a miséria da juventude, que não crê em si e nem nos seus, mas que deposita as potencialidades que carrega em um grande outro que nunca virá. E assim permanece toda uma geração melancólica a esperar por seu próprio duplo sem o saber; desprezando todos os outros por não o serem cópias perfeitas dela mesma. Buscando apenas encontrar-se a si mesma nos outros.

A juventude pequeno burguesa sofre inconscientemente de narcisismo.

É preciso partir para novas visões; já cansado da visão que se encontra e reencontra por toda parte.


Duas pessoas são capazes de, ao se cruzarem na rua, ter pensamentos igualmente negativos uma em relação à outra; isto é, de como a vida do outro que o acaso nos colocou na frente é estúpida e vazia, e de como ele não nos entenderia a dor e o tédio, pois ele é como os outro. Essa é a massa dos únicos.

Quando nos encontramos com gente nova, temos em média 5 minutos para impressionar a pessoa e a convencer de que somos alguém que ela estava procurando – o que guarda relativas semelhanças com a entrevista de emprego.

(...)

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