sábado, março 17, 2012

Carta imaginária para quem já andou comigo na chuva

Não sei se gosta da chuva.
imagino que algumas pessoas não gostam por ela "estragar" seus passeios e seus fins de semana. por ela molhar suas roupas e seus cabelos. Imagino também que alguns outros não devam gostar muito pelo medo de que ela invada suas casas.
também o trânsito fica mais lento e as pessoas não querem se demorar no caminho para qualquer lugar. temos pressa até quando não precisa ter. no ônibus as pessoas fecham a janela por você.
não sei se gosta da chuva.
ás vezes gosto de andar na chuva. na chuva mais fina, que leva mais tempo pra molhar a roupa toda, que não penetra fundo por entre os cabelos. e você pode andar devagar e sentir as gotas tocando de leve a pele. E nesses momentos eu me sinto mais vivo do que em qualquer outro. literalmente sinto. e para além do tempo morto esse é um outro tempo. as ruas ficas vazias, as pessoas somem. os barulhos diminuem. e eu estou sozinho. sozinho, mas de um jeito especial. estou diante de um momento em que posso aproveitar sozinho. e devo fazê-lo assim. já que este é como melhor posso fazê-lo.
não sei se gosta da chuva.
sábado domingo ficar em casa e olhar pela janela. nada em especial pra fazer. se chover ou não, não faz tanta diferença. um raio ou outro.tanto faz. na verdade é bom quando chove em um domingo. pois é quando menos importa a solidão. já que talvez sem ela não fosse possível aproveitar esse momento. não? como dividi-lo com alguém? Não sei se é possível nesses termos. nesse tempo que é só meu. nesse tempo ao qual eu me inscrevo e determino a duração. a chuva não conversa, a chuva não olha. mas ela está lá e você pode ficar o tempo que quiser. enquanto durar.
não sei se gosta da chuva.
lembro que a primeira vez que eu te vi, chovia. você tinha seu guarda chuva. não me ofereci para segurá-lo até que me pediu. por que será?

segunda-feira, março 12, 2012

Frank Harris ficaria orgulhoso

Até cães selvagens andam em matilhas, bem diferente da solidão conjunta marcada pelo individualismo pobre e egoísta das maiorias. Por isso digo: Não há união como a união dos párias, pois trata-se de um verdadeiro pacto existencial.

quarta-feira, março 07, 2012

sou o único pedaço de papel rasgado que sobrou de algum livro.

já chorou de solidão?

esquecimento ou reclusão?

olho pela janela,
que,
como um espelho,
me mostra
o que eu já sei.

mas são luzes que pouco dizem.

será que alguém
de lá olha também?