terça-feira, abril 29, 2014

Um ferroviário

O trem veloz
através do vazio 
- Eu fui um ferroviário.
Jack Kerouac


Nada sobre o que escrever no momento.

Há uma certa tranquilidade quando penso sobre esta página em branco.

Talvez ela seja a única segurança que eu tenha de fato.

Quando tudo acabar, ainda poderei riscar algumas linhas por entre o branco
como um trem que atravessa o silêncio.

E até mesmo uma longa distância no tempo
não me impede nunca de voltar
a qualquer hora.

No fundo, acho que estou apenas a dizer:

Não é tão ruim assim ficar sozinho,
talvez eu até goste
goste da minha própria companhia.

De uma mensagem para A.

Acho que ali é um reduto para tudo aquilo que não consigo dizer; para todas as palavras que não consigo dizer a ninguém: "a experiência interior".

E para algumas outras coisas também. Acho que é um espaço para não desperdiçar a palavra.
Para não desperdiçar os sentimentos.

De um naufrágio a outro

Aos poucos me vai ficando mais clara a ideia de quem são os meus amigos.

Foi no tempo que se delimitou este pensamento.

Meus amigos são os loucos e os suicidas.

São aqueles que vivem a angústia sem reservas.

Aqueles que passam as noites acordados
                         imersos em contradições
                                   pensantes

Que atravessam o tempo pesado
                              sem certezas
                              sem porto onde atracar

"É na noite que ouvimos o canto do silencio"

Há uma linha, dificilmente transponível,
            entre a nossa vivência
                             e as outras

Uma sensibilidade que nos forma
para além dos muros altos da experiência empobrecida

(...)

a continuar

uma nota pela escada

Eu nunca pude a perdoar por não ter me amado
Nunca a consegui perdoar por não ter me amado
"Não consegui a perdoar por não ter me amado"


Pensei isso descendo uma escada


Mesmo que não seja uma verdade
Foi algo que não pude evitar de passar por

São as escadas

Entre dois
Penso nisso

Meias verdades ou verdades e meia