terça-feira, julho 20, 2010

apertando mão de estranho no banheiro

o dictatoriado da vida civilizada está no meu pé.

democracia é só mais uma coisa que inventaram pra esconder a miséria.

Me sinto tão pobre de alma que so consigo beber cerveja, nem cerveja talvez - ela caí no chão, atravessa meu corpo sem orgãos como quem cruza o puro ar.

vi um filme que dizia que ingerir mcdonald's é internalizar a simulação.

Mas tô aqui, agora.
Você dizia que ia ficar tudo bem, que eu escrevia bem.
mas há algo que eu devo ser, que você quer que eu seja. POr que, aliás, a adolescência e a pós-adolescência é só uma fase mesmo, como uma estrada reta que passa por buracos, invariavelmente.
Você pode pichar paredes, beber bastante e negar alguns princípios básicos por uns anos. Mas depois sua licença expira, seu cartão não passa mais.
É melhor começar a pagar suas contas de internet com sangue, seu sangue.
O navio pirata acaba de virar corsário, e logo em seguida virou ganhou nacionalidade e uniformes e hierarquias mais sérias.
eu já vi pessoas mortas com mais feitios que pessoas bem vivas, dizem que é culpa da fragmentação. Mas acho que o espírito da miséria tem parte nisso. Da ditadura pro (neo-)liberalismo. Tem feridas que demoram pra serem curadas, tenho medo que se tornem situações irreversivéis. Parece que não há um espírito e uma conciência para criar uma nova situação, afinal tudo já foi pra idade do pós, não há mais perigos ou ideologias perigosas visivéis.
Existia perigo, existia um mundo que se extendia para fora do trabalho. Parece que a situação foi amenizada de tal forma que as coisas são feitas num viés aceitável, que há jeitos de ser nazista legalmente. Manipula-se o dinheiro e o virtual, o mundo terreno se perde e o corpo adormece. A conciência é sugada na maré das informações e se perde na pilha do lixo e do sexo. O desejo alimentado com dados.
As ações passadas para um plano virtual, e a ligação humana com a realidade separada do seu todo possível, do convívio e do prazer real. Dizem que a internet vai mudar tudo, a imersão(dentro da simulação) vai tomar conta da atividade passiva (espetáculo) e tudo vai ser bom porque vai ser do seu jeito. Have it your way.

A miséria é maquiada ao mesmo tempo em que é mostrada.

Ligue a tv e assista um pouco do telejornal.
Há algo de bom por lá?

Há algo que peça para ser combatido? Existe uma conciência de que algo está um pouco errada? Por que há tantos seriados sobre policiais?

A tv cria conflitos como quem cria novelas, e os resolve dessa forma também.
O cinema tem um papel decisivo nessa cultura vagabunda do século XX1. O cinema americano - tanto em forma, linguagem e mensagem com em conteúdo estética e pobreza.

A propagação da miséria cultural só cria mais miséria.


MAS,
a amenização das ações e o olho que tudo pode ver na internet cria a banalização. Nunca fomos tão criticos e tivemos acessoa a tanta informação como nos tempos atuais. Mas temos acesso a muitos enotorpecentes também. Só saber não é sentir. Você sabe sobre tudo, porém fora dos contextos e do todo. fragmentos.
O conhecimento também se transforma em passatempo.

(um espaço de silêncio)

A cultura virou passatempo. A cultura vive às margens e de vez em quando, em lapsos de integridade por parte da ideologia da tv, é mostrada como notícia, como chamariz pra turismo passatempista. Sempre simula e dissimula.
A vida virou novela de tv. A arte imita a vida? a vida imita a tv e vice versa, mas acontece dentro de uma grande bolha.

A informação abunda em fragmentos junto com o lixo e o sexo.
O desejo é alimentado com a fome. (sabor de quero mais).
O que é inicialmente espontâneo, se torna ritual e formulado.
As perspectivas criticas e radicais se tornam inofensivas nas óticas e nos textos acadêmicos.
O capital se esconde atrás das mídias diversas.
O fim dos líderes e a ascensão dos conselheiros.
A cultura recombinante não sabe do seu próprio potêncial.
A micro fama é fácil e desejada como nunca.
As diferentes aldeias se tornaram incomunicáveis.
O desejo pelo diferente nunca foi tão banal e fácilmente sáciavel.


Eu pergunto à você:


O que há com a contracultura?


Parece que grande parte do problema é fragmentação de tudo.
A modernidade líquida possuí algo de muito podre, mas que exala calmaria e tédio.

O trabalho é uma alternativa para que não quer acabar sem perspectivas.
(o que é de longe um problema).


Os video games, as redes sociais e os sites de humor são o ápice da expressão do tédio e do banal.
Como lidar com alguém que já viu de tudo? Como cativar por mais de 1 hora alguém que não quer saber de nada?
Jogar video games, jogar video games...

O que há com eles? desejo, simulação, tédio, violência e sexo

frustrações, amizades impossíveis, ser ouvido...

Buscamos todos sair do vazio. Uma cultura de negação. de recusa

Criamos nuances de recusa