A redução humana dos modos de sentir e expressar-se aparece a nós pela forma como,o riso e a comoção se manifestam – sobretudo por seu caráter de autodefesa.
Não como alegria ou tristeza, palavras muito amplas para conformar tão pouco conteúdo, reduzimos nosso sentimento do mundo, mas também nossa relação com nós mesmos, com nossos pares de toda sorte.
O riso e a comoção supérflua do "efeitismo" imediato, são a agonia e a estupidez.
É o auto engano sobrepujando o "nada fazer"; menos do que o tédio, desmesura destrutiva.
que resta senão a própria solidão?
como cães à espera
como cães à procura
o que se procura é o que se acha
por fim
ao fim
o que se acha
é qualquer coisa
menos o que se procura
eles "não encontram o que desejam,
mas desejam o que encontram"
esperar enquanto inação
esperar aqui é fugir
ou não agir
esperar é não dizer
esperar sem esperança
esperar é aqui como a morte violenta
ou melhor, é a morte lenta
espera-se para não se fazer outra coisa
espera-se espera-se e ainda se espera mais
sem nunca parar
esperar parado
esperar convulsivo
agonia que não se vê
que mal se sente
que não se sabe enquanto
agonia
esperar em agonia
espera-se a morte
nós somos os cães
é nossa imagem refletida
(como em um espelho)
tristeza alegria
menos que isso:
o riso ou a comoção
sentimentos baratos
sentimentalismo barato
agonia e estupidez
Morreu feito um cão.
tão difícil, no entanto, a comoção por um igual.
o suicidas do metro são os estúpidos
é banal, como o lixo jogado na rua,
como alguém pedindo esmolas
ou apodrecendo vivo.
o suicídio dos passageiros do metrô tem o custo de um incômodo
uma perda de tempo.
a circulação tem sua velocidade reduzida.
queimar é mais cômodo
a vida desperdiçada
auto consumida
nada fazer do tédio, que já não se sabe mais fazer proveitoso.
morrer feito um cão.
Na America do norte, um policial matou um cão que rosnou e latiu para ele, enquanto levavam algemado seu dono, um homem negro, que nada havia feito.
Assim como, também, um morador de rua que não queria ser preso levou um tiro e morreu por se debater enquanto era algemado.
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Um comentário:
Vivemos em uma era descartável, onde o homem passa a ter menos "valor". Passamos a dar mais valor aos nossos pertences (carro, celular, computador etc.) do que propriamente com nós mesmos. O homem tem ficado cada vez mais sozinho, esquecendo-se do tamanho valor que a vida possui, e até mesmo dos problemas que nela residem. Estamos perdendo a nossa própria identidade, e diante disso, caminhamos para uma era robotizada, onde o sentimento passa a ser raro! A quem devemos culpar, se não nós mesmos?! Quanto mais nos distanciamos da vida, sendo ela o Homem, a natureza e até mesmo nosso consciente, mais espaços estarão vazios, e esses espaços vazios, precisam ser preenchidos. Poderíamos dizer que a tecnologia é o grande "motor" dessa nova Era, onde o homem deixa de ser o controlador, e passa a ser controlado. Diante de tudo isso, poderíamos dizer que estamos na beira do abismo, onde minúsculos "feixes de luz" podem ser vistos, somente aos que querem ver, e querer ver não é simplesmente olhar e ver, e sim pensar, refletir , meditar, olhar e ver.
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