uma palavra
a primeira delas
foi sempre assim
comece um texto com aquilo que
soe bem no momento
que pareça ser o motivo de se estar escrevendo
Nada disso é poesia
como se costumava ser
geração beat sem a literatura
de perspectivas rebaixadas
lamento
confissão
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menos que um lamento
menos que uma confissão
não chega a ser respiro
pois não injeta ar
quando muito, uma descrição
senão, sobra só o barulho silencioso da página
grunhido desperdiçado
soluço perdido.
um contar para ninguém
perder forças
dizer e não dizer ao mesmo tempo
para não sucumbir
autoajuda morna
ainda:
manter-se na solidão
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Escrever é guardar
quem nos lê?
auto-engano
quando todos podem falar
em um mundo que nos mantêm separados
e longe do político
escrever é auto-engano
mimetizar no particular
que somos
que podemos
algo.
quem lê?
senão para matar o tempo
escrever teses
que ninguém lê
"os bons livros devem ser copiados nas paredes"
Se escreve quando não se pode falar
quando não se sabe a quem confiar
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Carta aberta para...
resposta à carta aberta para...
Longos textos estúpidos que recomeçam toda a conversa
já que não havia nenhuma mesmo
se escreve como se fala
um amontoado de coisas
finge-se proximidade
que estamos na mesma sala e que nos escutam
consumir-se em palavras
afogar-se em palavras
vazias
lugares comuns
dizer de novo
o que todo mundo quer
dizer escutar
os lugares estão tomados
pelo que todo mundo já disse
por aquilo que já se fixou
mas cada um quer
na sua vez
sentar na cadeira
e dizer
ser entrevistado
subir no palanque
e dizer
não para ser ouvido
mas para ser visto
aplaudido
um pouco
falsa modéstia
no fundo, acredito
que sou alguma coisa
quem lhe dirá que não?
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