segunda-feira, outubro 12, 2015

que resta senão a própria solidão?

como cães à espera
como cães à procura

o que se procura é o que se acha
por fim

ao fim
o que se acha
é qualquer coisa
menos o que se procura

eles "não encontram o que desejam,
mas desejam o que encontram"


esperar enquanto inação
esperar aqui é fugir
ou não agir
esperar é não dizer
esperar sem esperança
esperar é aqui como a morte violenta
ou melhor, é a morte lenta
espera-se para não se fazer outra coisa
espera-se espera-se e ainda se espera mais
sem nunca parar
esperar parado
esperar convulsivo
agonia que não se vê
que mal se sente
que não se sabe enquanto
agonia
esperar em agonia
espera-se a morte


nós somos os cães
é nossa imagem refletida

tristeza alegria
menos
menos que isso:
menos que o riso ou a comoção
sentimentos baratos
sentimentalismo barato

agonia e estupidez

Morreu feito um cão.
tão difícil, no entanto, a comoção por um igual.
o suicidas do metro são os estúpidos
é banal, como o lixo jogado na rua,
como alguém pedindo esmolas
ou apodrecendo vivo.
o suicídio dos passageiros do metrô tem o custo de um incômodo
uma perda de tempo.
a circulação tem sua velocidade reduzida.


queimar deitado é mais cômodo
a vida desperdiçada
auto consumida
nada fazer do tédio,
que já não se sabe mais
como fazer proveitoso.

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