sexta-feira, dezembro 13, 2013

Mensagem não enviada para P.

Não é que você me faça mal, mas o tipo de comunicação que há entre nós me desgasta um pouco.
Um contato filtrado, que não pode passar de certo ponto... sem a inocência de um "querer conhecer".
Eu sempre tento não dizer demais, não perguntar demais. Medir as palavras.

Como quando você veio puxar conversa, e disse que estava chateada e tal, e eu pensei em telefonar – não por nada, era só pelo gesto – e você diz: "acho melhor não". você entende? Não estou reclamando, entendo suas razões e acho certo. Mas eu fico sem saber direito o que fazer, sem entender o que você espera de mim, das minhas mensagens.

Sabe, o meu blog é muito pessoal, você sabe bem, não faço propaganda, só o envio a uma quantidade limitadíssima de pessoas, e ainda sim eu penso muito antes de fazer isso. É um gesto muito singular. Sempre para criar proximidade – mais do que isso, é uma forma de criar ligação pela partilha de um sentimento de mundo.

Não é algo que eu queria que simplesmente seja lido e ouvir "manero, cara". Não. Você não comenta comigo o que está lá. Há coisas muito pesada que estão lá que ninguém sabe, mas estão claramente descritas. São os segredos, você precisa de algumas chaves para entender, mas eu não as dou. E está tudo tão exposto que se torna irreconhecível: escrevo para apagar meu nome.

Quando você me diz "leio suas coisas. me sinto como você, me sinto uma pária social". Eu não entendo a distância. Mas é porque eu quero cúmplices. É uma coisa minha. Estou em um momento onde ficar sozinho não é um problema; onde eu não quero ser amigo de todo mundo. Mas o que eu quero são relações que são como portos seguros; daquelas que você sabe que sempre estarão lá.

Não que eu ache que precisa ser sempre assim – eu não sou depressivo do soulseek, nem menininha do blogger. Mas agora é hora de cuidar dessas amizades, de as cultivar.

Quando eu digo que o amor é uma guerra, é também porque ele tem algo de urgência, de desespero: as pessoas vão ferrar com todo mundo que ficar pelo caminho, sem olhar para trás, nunca, até que finalmente encontrem alguém para chamar de "meu amor". É uma guerra de desejos de todos contra todos – mas os "objetos do desejo" são também outras pessoas.

Mas, o que eu queria dizer não é isso.

O que eu quero dizer é que está todo mundo buscando conforto em relações, mas que no meio do caminho, muita gente sai ferida pela indiferença, pelo esquecimento. É o assassinato pelo gesto, simbólico.

E eu estou para me formar. E já não é de agora: todo mundo vai embora. Até assustas. Acaba a faculdade é você vê que não formou aquele grupo intelectual, de amigos e etc que queria – bom, não como gostaria idealmente que fosse. E Agora é um momento decisivo para que eu fortifique um pouco o grupo que me restou.

Eu sempre fui minoria lá na faculdade: intelectualmente, na prática e no gosto. Lia o que não está na moda na área, fiz meu filme de maneira diversa dizendo coisas diversas das preocupações mais recorrentes, e – ainda por cima – tinha o pior repertório de todos: filme trash, podreira, filmes vagabundo... quando veio o cinema político, então, ficou pior ainda; não conseguia gostar de mais nada porque só via defeito.

Alguém poderia até achar que estou me gabando ou mesmo fazer algum elogio, mas a questão é que quando você não tem com quem dividir essas leituras e filmes, a discussão empobrece. Você tende a se tornar só um cara bizarro meio fora de tudo. Aí não dá.


Bom, agora que eu contei a história da minha vida, eu corto essa longa história em uma curta:


Você se reporta a alguma das coisas mais singulares em mim, mas mesmo assim, não se aproxima. Somos só duas caixas de texto no facebook. Não que você precise, mas é esse o meu incômodo – dado o meu atual sentimento de mundo.

Eu não curto ficar perto de quem não me quer por perto ou para quem tanto faz se sou eu ou qualquer outra pessoa. E eu fico em dúvida sobre quanto de esforço devo gastar com respostas para você. Entende? Eu não sei se você quer que eu gaste com você.

E o que eu estou buscando, de verdade, são pessoas com quem gastar toda esta força.
Não consigo simplesmente responder... Se acho que será em vão, fico em silêncio, distante.

Bom, é isso no que eu consigo pensar por enquanto. Espero que nada disso tenho soado inoportuno ou a deixado chateada. Não é para isso que eu escrevo.

Não sei explicar para mim mesmo, mas ainda gosto de você.



A.

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