olá,
sou o A. e não lhe conheço – sou um estranho, isto é fato. e lendo isso, você pode escolher se quer continuar com a mensagem ou jogar estas linhas todas para o limbo.
bem, estando aqui, você pode não acreditar nisso, mas algumas pessoas deixam mensagens aleatórias para desconhecidos de vez em quando. Não porque elas esperam muita coisa, mas simplesmente para fugirem do tédio.
Não esperando nada, elas agem mesmo assim.
Não é absurdo ?
certa vez mencionei um trecho de uma poesia em uma destas "cartas-gesto", mas não deu muito certo... acredito que a intenção foi entendida como sendo "algo para impressionar" – o que não podia estar mais longe da realidade. De fato, há hoje algo que aproxima as entrevistas de emprego das relações pessoais. mas fujamos à isso.
compartilhar poesia é dividir um pouco daquilo que nós é mais íntimo, mas que também, ao mesmo tempo, diz respeito a muitos Outros.
(note que mesmo os pequenos poemas escritos por ermitões chineses do século 9, longe de tudo e de todos, como se fossem o registro de um breve sussurro, ainda permanecem por aí, como um grito ecoando por entre o tempo.)
porém, difícil é saber quem irá nos escutar... resta apenas lançar os dados.
Penso em Arthur Rimbaud; em Roberto Piva.
"Sou um efêmero e não muito descontente cidadão de uma metrópole que julgam moderna porque todo estilo conhecido foi excluído das mobílias e do exterior das casas bem como da planta da cidade. Aqui você não nota rastros de nenhum monumento de superstição. A moral e a língua estão reduzidas às expressões mais simples, enfim! Estes milhões de pessoas que nem têm necessidade de se conhecer levam a educação, o trabalho e a velhice de um modo tão igual que sua expectativa de vida é muitas vezes mais curta do que uma estatística louca encontrou para os povos do continente. Assim como, de minha janela, vejo novos espectros rolando pela espessa e eterna fumaça de carvão, - nossa sombra dos bosques, nossa noite de verão! - as Erínias novas, na porta da cabana que é minha pátria e meu coração, já que tudo aqui parece isto, - Morte sem lágrimas, nossa filha ativa e serva, um Amor desesperado, e um Crime bonito uivando na lama da rua."
(Cidade, Rimbaud)
perdoe-me por não ser breve nem direto – mas por que haveria eu de o ser?
enfim. você pode responder ou – simplesmente – não.
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