1
Antes de começar a escrever, eu olhei para minhas mãos. Elas estavam machucadas. Ontem, deliberadamente sem motivo, eu levantei os braços para um alongamento rápido. Erro primário, olhe para onde se move. Havia uma trepadeira com espinhos avançando para fora da parede, crescendo para além do permitido. E foi assim, sem ver, sem saber, que eu invadi uma área antes livre, mas que agora estava ocupada por plantas pontudas e de poucas folhas. É estranho pensar nisso e tentar relacionar com a própria vida, com o momento presente e até com a condição atual de "humor". Você sabe: mão que escrevem, elas estão machucadas, coração partido e uma tristeza que não passa. Não algo muito grande, mas uma sensação de desconforto, de deslocação e incompatibilidade com outros. E logo, afastado por vontade própria, pela solitude, você se sente em um processo de alienação. Não estou falando de política ou da situação económica do país, estou falando em apatia e distanciamento passivo da vida social. Estou fazendo o que posso para não ficar assim, mas constantemente me percebo sem interesse e sem ânimo.
Você talvez não saiba, mas as mãos estão aí como extenção da vontade, do desejo. Levante a mão e pegue o que deseja, faça o que está nos seus pensamentos.Quanto a mim, agora não posso, já que minhas mãos estão machucadas. Talvez você entenda.
2
Nesse momento estou aqui. Nesse momento estou. Nesse momento.
Estou aqui me descontruindo pra você e tudo o que quer é só mais um pedaço de mim?
Quem diabos é você?
3
Pequenas coisas. Pequenos gestos.
Pequenas frases que você leu por aí.
(Talvez pequenas vidas.)
E você joga tudo fora.
Você não sabe ser de outro jeito.
Só quer o que acha que lhe pertence.
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