quinta-feira, junho 19, 2014

alguém que se lembra

Olhando as fotos e os nomes de alguns antigos conhecidos
eu senti falta de algo, sem saber exatamente o que era.

Dias como este me fazem sentir falta de algumas coisas.

Acho que é saudade.

Bem, é sábado e chove; um dia nublado e frio.
Me pergunto se não deveria estar junto de alguém
ou fora de casa, fazendo algo, mesmo que sozinho.
(Não há resposta.)

Um dia como este faz com que eu me sinta um esquecido.
Alguém que apenas toma conta das próprias recordações,
o último reduto de um passado que se foi.
Um guarda chinês, enterrado no deserto
para sempre a serviço do imperador.

Difícil não se sentir velho, não sentir o Tempo.

O peso de um passado morto.
Porque apenas morto ele nos
serve de fardo.

É a "pilha de nada" que nos sobra.

Mas não há nada de errado com isso.
Quero dizer, é claro que é terrível,
principalmente em dias assim
que é quando isso se faz melhor sentir;
no entanto parece ser a condição
da existência.

"O maior sofrimento de todos
é nunca ter sofrido",
diz Neruda.

Estou aqui,
não é o fim.

E isso não é nenhum pouco banal
Não posso ser indiferente
Tenho que lidar com isso.

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