Sobre a passagem de algumas pessoas através de uma unidade curta de Tempo.
O que lhe direi agora?
Somos estranhos novamente.
Não o sei.
Alguns buscam sentido para suas vidas.
É uma vontade justa
Já que ninguém pediu para estar aqui
Buscamos nos explicar;
sempre é mais fácil a dois.
Mas quem se entende?
Quem se entende no final
verdadeiramente?
Alguns me diriam agora:
"Não há nada o que explicar"
"Não há nada o que entender"
Mas não posso deixar de escrever
Não escuto mais esse tipo de conselho
de pessoas indiferentes.
Penso muito, sinto mais ainda
e sei que é sincero
Já esperei tempo demais.
Minhas memórias e sonhos
são as muralhas que me afastam da morte.
Mas não posso viver deles.
Esta vida é terrível, é verdade
&
Nossos sonhos são as potências que carregamos
Não podemos deixar que eles se alimentem de nós.
"Não fomos feitos para este Mundo"
De qualquer forma, estamos aqui.
Temos que dar um jeito.
Dizer se a vida vale a pena ou não ser vivida
não é a pergunta primeira a ser respondia.
Ainda que importante.
Precismos, antes, responder à todas as outras questões
para podermos responder à essa.
É uma pergunta que se responde aos poucos
a cada dia
a cada noite
Muitas vezes, não se matar é a maior das comodidades.
Fingir que não há nada de errado para se manter razoável
– por algumas décadas...
Mas a vida não é nem mesmo razoável.
Olhe:
por um punhado de reais você pode matar uma tarde
nada mais que isso.
O tempo perdido não volta
Mas os tempos mortos permanecem
Você deu sentido àquela noite
Isso é mais do que alguns conseguem
depois de toda uma vida.
Não poderia ter tido melhor companhia.
Mas quero dizer para que não se preocupe
Não quero isso... não por minha causa.
Está tudo bem.
&
Foi tudo incrível, até mesmo a tristeza;
Lhe direi que
Não devemos nos arrepender de nada
Belo como um sonho, belo como um filme.
Ainda mais por ter sido real.
Um instante entre as rachaduras do real.
Quero que saiba que não esqueço.
– As memórias belas devem permanecer.
É o que guardamos dessa fogueira que é a existência.
A vida é esse fogo que consome a si mesma:
Chamas:
um braseiro, então cinzas.
Partiremos, então – os dois.
Sem nunca olhar para trás.
Adeus
Uma nota:
Agora que tudo se foi, é impossível retomar a escrita destas linhas sem as trair ou as corromper com este presente. São palavras e sentimentos que pertencem a um passado e, como uma mensagem que se dirigia para alguém que não está mais nem "ici et ailleurs", que não tem mais a mesma presença de antes, é impossível retomar a escrita, ela ficará incompleta para sempre.
Como eu mesmo disse para a pessoa a quem estas linhas se dirigiriam originalmente: É trágico quando cartas enviadas são perdidas, mas as que ficam, as que não são enviadas é que são as grandes desgraças.
Tenho algumas. Livros, cartas, mensagens, poemas. Eles permanecem comigo, e apenas eu saei, apenas eu tenho que lembrar. O que fazer? Entregar a outra pessoa ? Seria uma traição. Perca por aí ou entregue à um desconhecido.
É o que estou fazendo.
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