domingo, setembro 18, 2011

o que você vê?

indiferença

você se sente mal
profundamente mal

nada pra fazer
nunca

vontade de quê?

vontade de nada


se sente nessa cadeira
nesse degrau da escada
vá para o quarto
morra de angústia
de tédio

volte pra ver tv

escute alguém reclamar.
fique quieto.

ensaie ver um filme
não faça nada

tente chorar
não consegue.

converse com alguém
respostas que você não quer
não precisa ouvir.

converse com ela,
fique tão pra baixo
que deseja nunca a ter conhecido.

sente no sofá,
olha pra parede
fique num canto
não responda
desligue
apague as luzes
ouça a mesma música.

nada disso
nada

você mal sabe o que quer
confuso
não quer morrer, terminar assim
conversas são sempre piores
por incrível que pareça,
palavras duras, palavras burras
respostas rápidas, respostas prontas
ninguém entende
não mais
ninguém sabe como é
como foi
todos aqueles anos
aquelas vontades, pensamentos
o ódio
a dor
e noites longas e solitárias
os escárnio pelos seus sentimentos
mais fortes
o medo da rejeição
a rejeição ela própria.

e tudo volta.
tudo passa
e tudo nunca passa
nunca termina
nunca começa.

você aí
você aqui
você não está nem aí
em lugar nenhum

acabou

alguma coisa

queria que sim
queria mesmo

queria tantas coisas

todos aqueles sonhos

lixeiras verdes
azuis

todos eles, agora

quem se importa?

disse tudo aquilo,
e foi a primeira a ir

disse tudo aquilo,
mas quem sente sou eu
já você...
nunca esteve tão bem.

espero que fique assim

e
obrigado por essa merda toda,
por ter jogado tudo fora.
não pude evitar de recolher.

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